Por que as meninas (e os meninos) devem se vacinar contra o HPV?

Mito de que a vacina contra o HPV estimula iniciação sexual precoce prejudica combate ao câncer de cólo do útero. Entenda por que

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A vacinação contra o vírus HPV (Papilomavírus Humano) é considerada uma estratégia extremamente eficaz no combate de alguns tumores sexualmente transmissíveis, tanto em homens quanto em mulheres. As meninas e meninos entre 9 e 14 anos de idade devem se vacinar contra o HPV.

De acordo com estudos, a vacinação contra o HPV é mais efetiva quando ocorre na infância, por induzir a produção de mais anticorpos e garantir a proteção contra o vírus antes do contato com ele, reduzindo, também, a transmissão do vírus. Por isso, para aumentar a imunização, o ideal é que a vacina seja tomada antes da primeira relação sexual.

Desde 2014, o governo disponibiliza a vacina quadrivalente contra o HPV. Hoje, meninas e meninos entre 9 e 14 anos podem receber o imunizante no Sistema Único de Saúde. Além dos adolescentes, pessoas imunossuprimidas com até 45 anos também podem se vacinar na rede pública.

Apesar de a vacina estar disponível gratuitamente, muitos pais não levam seus filhos adolescentes para se vacinarem. A cobertura vacinal contra o HPV ainda patina no Brasil. Além dos números da primeira dose já estarem abaixo do esperado, os índices da segunda aplicação são ainda menores.

A meta é imunizar 90% do público-alvo. Segundo o Ministério da Saúde, em 2022, as meninas tinham taxa de cobertura de 76% com a primeira dose e 57% com a segunda. Já entre os meninos, a cobertura é de 52% na primeira dose e de apenas 36% na segunda.

O preconceito é um dos fatores para baixa imunização. Ainda prevalece na sociedade uma falsa crença de que a vacinação contra o HPV na infância e adolescência pode estimular uma iniciação sexual precoce.

“A gente tem a vacina disponível, é uma vacina cara, é uma vacina que está aí, mas que não está sendo utilizada. São vários tabus, de o povo brasileiro achar que você está expondo a questão sexual para a filha adolescente. Mas é mais uma vacina comum como outra qualquer”, explica o chefe do Departamento de Ginecologia Oncológica do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Gustavo Guitmann.

Mãe e filha conscientes

A psicóloga Andreia Medeiros trabalha com adolescentes e tem uma filha de 15 anos, a estudante Sofia van Chaijk, que tomou a vacina contra o HPV, orientada pela mãe.

“É um mito [a ideia]  que vai estimular [a iniciação sexual precoce]. Não falar sobre o assunto vai prevenir? É o contrário”, diz a psicóloga. “Ter consciência dos benefícios, dessa prevenção e do contrário também, do risco que eles correm, é uma forma de cuidado”, acrescenta.

Sofia agradece a mãe pela decisão. “Eu agradeço minha mãe também por ter me vacinado contra HPV porque a gente conhece uma pessoa que infelizmente faleceu de câncer no útero por conta de HPV. Então ela nem precisou me convencer muito também. Ela já sabia das consequências”, completa a adolescente.

Inca projeta 17 mil casos de câncer de colo de útero em 2023

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), apontam que 17 mil mulheres serão diagnosticadas ao longo deste ano de 2023 com câncer do colo do útero no Brasil, o que representa um risco de 13 casos a cada 100 mil mulheres. A doença é o terceiro tipo de tumor que mais afeta o público feminino, excluídos os casos de câncer de pele não melanoma.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS),câncer do colo do útero é a principal causa de morte entre mulheres na América Latina e no Caribe, sendo responsável por aproximadamente 28 mil óbitos anuais altamente evitáveis na região. Por isso, é importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes para o início do tratamento. Quando descoberta precocemente, pode haver redução de até 80% na mortalidade.

Mulheres negras morrem mais por causa da doença

Recentemente foi publicado um dado alarmante: no Brasil, a chance de uma mulher negra morrer de câncer de colo de útero é quase 30% maior do que a de uma branca, e quando olhamos para a população indígena, essa chance de morte fica 82% maior em comparação às brancas.

Os dados são ainda mais alarmantes por esse se tratar de um tumor altamente evitável, visto que o câncer do colo do útero está diretamente relacionado à infecção persistente por alguns subtipos do vírus HPV.

A médica destaca que a vacinação contra o HPV, associada ao rastreamento de lesões pré-cancerosas em mulheres, por meio do exame papanicolau, pode reduzir significativamente a incidência do câncer cervical invasivo.

As mulheres entre 25 e 35 anos devem fazer os exames preventivos e as pacientes que forem diagnosticadas com alterações devem receber o tratamento correto.

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